Austrália: Grande Barreira de Corais enfrenta branqueamento sem precedentes

A Grande Barreira de Corais da Austrália está sofrendo o pior branqueamento já registrado, de acordo com um relatório do governo divulgado na terça-feira, 5 de agosto, que alerta que o tesouro natural está em más condições.

Cientistas relataram o evento de branqueamento "mais disseminado" desencadeado por temperaturas oceânicas elevadas em 2024, que causou "níveis sem precedentes de estresse por calor" desde que os registros começaram há quase 40 anos.

O Instituto Australiano de Ciências Marinhas estudou a saúde de 124 recifes de corais neste recife extenso, frequentemente chamado de "a maior estrutura viva do mundo" , entre agosto de 2024 e maio de 2025.

Os resultados mostram que os ramos sul e norte do recife sofreram o "maior declínio anual" já registrado. Os recifes foram atingidos por ciclones tropicais e invasões de estrelas-do-mar coroa-de-espinhos, uma espécie que se alimenta de corais.

Mas a "causa número um são as mudanças climáticas", disse Mike Emslie, pesquisador-chefe do instituto. "Não há dúvida disso", afirmou. A Grande Barreira de Corais é uma extensão de 2.300 quilômetros de corais tropicais que abriga uma incrível diversidade biológica.

Mas esses episódios repetidos de branqueamento ameaçam roubar o esplendor dessa atração turística, deixando os antes ricos bancos de corais com uma cor branca doentia.

Águas tropicais excepcionalmente quentes desencadearam um branqueamento generalizado de corais na Grande Barreira de Corais em 2024 e nos primeiros meses de 2025 — o sexto evento desse tipo nos últimos nove anos.

"A Grande Barreira de Corais sofreu níveis sem precedentes de estresse térmico, causando o evento de branqueamento mais generalizado e grave já registrado", disse o relatório da agência australiana.

O relatório constatou que um tipo de coral de crescimento rápido, conhecido como Acropora, foi o mais afetado. Este coral cresce rapidamente, mas também é um dos primeiros a sofrer branqueamento.

Richard Leck, do Fundo Mundial para a Natureza, comparou a saúde instável da Grande Barreira de Corais a uma "montanha-russa". Leck disse que alguns recifes de corais ao redor do mundo já estavam irrecuperáveis, alertando que a Grande Barreira de Corais poderia sofrer o mesmo destino sem uma ação climática ambiciosa e rápida.

É um sinal de um ecossistema sob pressão incrível, e o que mais preocupa os cientistas de recifes é quando o recife não se recupera como antes, disse ele.

Nos últimos dois anos, eventos massivos de branqueamento em todo o mundo esgotaram mais de 80% dos recifes de corais do mundo. A Austrália está atualmente preparando sua próxima rodada de metas de redução de emissões, uma obrigação fundamental sob o histórico acordo climático de Paris .

A superpotência da mineração, no entanto, continua sendo uma das maiores exportadoras de carvão do mundo e continua a subsidiar fortemente seus combustíveis fósseis.