Etienne-Emile Baulieu, pai da pílula abortiva, morreu aos 98 anos.

O professor Etienne-Emile Baulieu, inventor da pílula abortiva, morreu na sexta-feira, 30 de maio, aos 98 anos, em sua casa em Paris, anunciou sua esposa à Agence France-Presse (AFP).
Médico e pesquisador, ele era conhecido mundialmente pela importância científica, médica e social de seu trabalho sobre o papel dos hormônios esteroides. "Sua pesquisa foi guiada por seu apego ao progresso possibilitado pela ciência, seu comprometimento com a liberdade das mulheres e seu desejo de permitir que todos vivam vidas melhores e mais longas", relembrou sua esposa, Simone Harari Baulieu, em um comunicado.
Nascido em 12 de dezembro de 1926 em Estrasburgo, Etienne Blum adotou o nome Emile Baulieu quando se juntou à Resistência, com apenas 15 anos. Ele deixa três filhos, oito netos e nove bisnetos.
Doutor em Medicina (1955) e Doutor em Ciências (1963), endocrinologista, fundou em 1963 a unidade de pesquisa 33 do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), para trabalhos sobre hormônios, que dirigiu até 1997 e dentro da qual trabalhou até o fim.
Alvo de movimentos antiabortoEle é particularmente conhecido pelo desenvolvimento do RU 486 em 1982. Essa pílula abortiva revolucionou a vida de milhões de mulheres ao redor do mundo, oferecendo a elas a possibilidade de interrupção médica voluntária da gravidez. Desde a primeira apresentação de seu trabalho sobre essa molécula, no Palais de l'Institut em Paris, em 19 de abril de 1982, Etienne-Emile Baulieu, que havia acabado de ingressar na Academia de Ciências, tornou-se alvo de movimentos antiaborto.
Apesar dessa hostilidade, o mundo inteiro estava interessado nessa revolução – principalmente a China e a Índia, mas também o Reino Unido, a Hungria e a Suécia, onde a Organização Mundial da Saúde lançou séries experimentais no mesmo ano.
Sua pesquisa sobre DHEA, o hormônio cuja secreção e atividade antienvelhecimento ele havia descoberto, o levou a trabalhar com neuroesteroides (esteroides do sistema nervoso). Ele também desenvolveu um tratamento para depressão, para o qual um ensaio clínico está em andamento em vários hospitais universitários.
Em 2008, ele fundou o Instituto Baulieu para entender, prevenir e tratar doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer. Sua pesquisa tem como alvo a proteína tau e outra proteína, a FKBP52, que ele descobriu e que está naturalmente presente no corpo. Grã-Cruz da Legião de Honra e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, recebeu inúmeras condecorações na França. Nos Estados Unidos, ele foi agraciado com o Prêmio Albert Lasker, a mais alta distinção científica americana.
O mundo com a AFP
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