O novo comercial da Coca-Cola, impulsionado por inteligência artificial, surge na sequência da controvérsia do ano passado.

Papai Noel abre uma garrafa de Coca-Cola. Em seguida, pega um caminhãozinho vermelho de brinquedo e o coloca na estrada rumo a uma maquete de Natal. A cena ganha vida, e os clássicos caminhões vermelhos da empresa percorrem paisagens nevadas, despertando a curiosidade de vários animais, num cenário que oscila entre o hiper-realismo e o efeito cartunesco.
A Coca-Cola fez de novo. Para seu comercial de Natal, a versão de 2025 da histórica campanha "O Natal está chegando", a empresa utilizou novamente Inteligência Artificial. A primeira tentativa, em 2024, não foi um grande sucesso. As críticas foram inúmeras: do efeito "frio" às expressões faciais perturbadoras dos personagens, passando pelos pneus do caminhão que, em vez de girar, deslizavam estáticos na neve. Apesar da controvérsia, principalmente online, 7,9% dos comentários foram negativos, enquanto 7,4% elogiaram a abordagem inovadora.
Talvez partindo desse fato, a Coca-Cola decidiu repetir a estratégia , tentando solucionar os problemas do ano passado e lançando, em seu canal no YouTube, um vídeo de "making of..." do comercial, para explicar os desafios enfrentados e as melhorias realizadas. A começar pelas rodas do caminhão, que, desta vez, giram de verdade. Os rostos humanos, um dos elementos mais criticados em 2024, foram substituídos por animais: esquilos, ursos polares e até uma preguiça com expressão de surpresa.
Isso não foi suficiente para evitar críticas: a iluminação foi criticada por ser perfeita demais, assim como os olhares vagamente perdidos dos animais, cuja representação oscila entre a perfeição documental e um humor caricatural. E entre os comentários sobre o filme, não faltam ironias: "Será que a Pepsi consegue fazer um comercial para tirar sarro da Coca-Cola?"
Não faltam críticas, mas talvez mais do que a evolução tecnológica, o que mudou foi a percepção pública. Nos últimos doze meses, a IA tornou-se ainda mais presente em nossas vidas e está sendo cada vez mais normalizada.
Uma pesquisa da System1, empresa britânica que mede a eficácia da publicidade, revelou que a maioria dos consumidores não se importava muito com o uso de inteligência artificial nos vídeos. Afinal, a Coca-Cola sempre foi pioneira em comunicação visual: após sua estreia em 2024, neste ano continua sua busca para demonstrar que a tecnologia pode ser aprimorada e aperfeiçoada.
A principal diferença em relação ao ano passado, destacada no vídeo de bastidores, é a transferência da maior parte do trabalho da pós-produção para a pré-produção, deixando a IA responsável pela renderização necessária para produzir um resultado satisfatório. O processo não se limitou a enviar um simples comando, mas focou nos detalhes : uma equipe de cinco pessoas analisou um total de aproximadamente 70.000 segmentos de vídeo, utilizando uma ampla gama de ferramentas, da Veo à Sora, da Flux AI à Luma AI e à KlingAI.
O resultado final, porém, não dissipa todas as dúvidas: o avanço tecnológico está lá, mas funciona mais como uma atualização em relação ao ano passado do que como uma história natalina. O calor e a atmosfera festiva que sempre caracterizaram os comerciais da Coca-Cola estão ausentes.
Por fim, não faltam críticas quanto ao impacto negativo que o uso da IA pode ter nos trabalhos criativos. A empresa responde que o papel humano continua sendo fundamental: cerca de cem pessoas estão envolvidas na produção, um número em linha com as produções tradicionais da marca. Mas, nesse sentido, os dados mostram que a indústria da publicidade está passando por mudanças profundas: segundo o Interactive Advertising Bureau, 30% dos anúncios em vídeo distribuídos online em 2025 foram criados, ou pelo menos aprimorados, com o uso de IA. E a expectativa é que esse número chegue a quase 40% em 2026.
La Repubblica




