Nada apresenta o Telefone (3), seu primeiro verdadeiro carro-chefe

Até agora, a empresa Nothing, sediada em Londres, havia se dedicado ao lançamento de smartphones de gama média, embora, sim, fossem totalmente diferentes de qualquer outro celular do mercado. Designs transparentes, conjuntos de luzes na parte traseira para notificações e alertas... Uma estética 'Nothing' inconfundível e original que vem conquistando o favor de um número crescente de consumidores ano após ano, até ultrapassar, desde sua fundação em 2020, sete milhões de dispositivos vendidos (entre celulares e fones de ouvido). Um sucesso ao qual a empresa respondeu com terminais sempre diferentes em termos de design e funcionalidade, mas também cada vez mais equipados em termos de processadores, câmeras, baterias e hardware em geral. Sem ir mais longe, o Phone (2) de dois anos atrás não tinha nada a ver em termos de recursos com o Phone (1) do ano anterior.
Curiosamente, e embora fosse esperado, a Nothing não lançou seu novo e aguardado Phone (3) no ano passado. Em vez disso, a empresa reforçou sua oferta em março passado com um Phone (3a) que, como aperitivo, já se mostrava promissor, com grandes melhorias na seção de fotografia. À qual foi adicionada uma nova linha econômica, representada pelo CMF Phone 1, onde a CMF define os três pontos fortes da série: Cor, Material e Acabamento. O próprio Carl Pei, CEO da Nothing, confirmou na época que eles ainda não estavam prontos para o novo Phone (3) e que haviam decidido dedicar mais tempo para integrar recursos de inteligência artificial e oferecer a melhor experiência possível ao usuário em seu novo carro-chefe.
Agora, chegou a hora, e a Nothing acaba de lançar seu novo Phone (3), um aparelho que a própria marca define como seu primeiro "verdadeiro flagship". Um smartphone que não só representa uma evolução do modelo anterior, mas uma verdadeira revolução na forma como interagimos com nossos celulares.
Nada no Phone (3) é fortuito; cada curva, cada transparência e cada luz são pensadas e cumprem uma missão específica. Seu compromisso com uma estética transparente permanece, é claro, embora seja preciso dizer que a interface Glyph alcança uma nova dimensão neste novo modelo. Em termos de design, o Phone (3) é uma fusão ousada de geometria agressiva e módulos refinados, inspirados, segundo a marca, na arquitetura moderna. A disposição de suas três colunas na parte traseira busca harmonia visual, enquanto as bordas, agora mais arredondadas, prometem ergonomia aprimorada.
As molduras frontais foram reduzidas para 1,87 mm, 18% mais finas que as do telefone anterior (2), tornando sua tela ainda mais envolvente. Mas a verdadeira estrela do show não está na frente, mas na parte de trás. Lá, no canto superior direito, está o Glyph Matrix, uma pequena tela circular monocromática composta por 489 micro-LEDs que, longe de ser um mero capricho estético, foi projetada para ser inteligente e expressiva. Na verdade, ela é capaz de ainda mais do que a antiga interface Glyph que substitui, reforçando o objetivo clássico da Nothing de reduzir a dependência da tela principal. A mini tela é dinâmica, formando símbolos e gráficos abstratos com seus micro-LEDs, que demonstram diferentes funções e usos.
Dessa forma, notificações de cada aplicativo, alertas de contato e indicadores de progresso em tempo real ganham uma nova vida. Além disso, são introduzidos os Glyph Toys, uma extensão lúdica da Glyph Matrix que adiciona ferramentas rápidas e minijogos, como espelho, relógio digital, cronômetro e indicador de bateria. Ideias foram até mesmo cocriadas com a comunidade de usuários, dando origem a miniaplicativos como "Magic 8 Ball" e "Leveler", acessíveis a partir do novo botão Glyph, também localizado na parte traseira e que, além de adicionar interação, permite alterar as matrizes e widgets exibidos no círculo.
Como se não bastasse, o Glyph Matrix também serve como lanterna ou para exibir o volume... Ele também possui uma pequena luz vermelha (que pode ser desativada) que, em homenagem às antigas câmeras de vídeo, pisca ao gravar imagens ou vozes. Em suma, a parte traseira do novo telefone (3) abre as portas para uma experiência de usuário completamente nova. Um novo recurso em breve permitirá que você pressione e segure o botão Glyph para ver o nome ou número de um contato durante uma chamada.
Esses recursos exclusivos são complementados pelo uso de materiais premium e uma classificação IP68 aprimorada (uma certificação que garante resistência à poeira e permite que o telefone seja submerso a uma profundidade de 1,5 metro por até meia hora). Essa é uma melhoria significativa em relação à classificação IP64 da Série Phone (3a).
No coração do telefone (3) bate o novo processador Snapdragon 8s Gen 4. Este chip, fabricado com tecnologia de 4 nm, não só garante um desempenho sem precedentes, mas é uma indicação clara da ambição da Nothing de competir na liga dos grandes. Consiste em uma CPU de oito núcleos, com velocidades de até 3,2 GHz e um processador gráfico Qualcomm Adreno 825 que garante imagens sempre fluidas e sem atrasos. A Unidade de Processamento Neural (NPU), por sua vez, fornece ao terminal recursos de IA sem precedentes na marca. Os números falam por si: 36% mais poder de CPU, 88% de melhoria gráfica, tarefas de IA 60% mais rápidas e reconhecimento de imagem 125% mais rápido em comparação com o telefone anterior (2).
A mudança para IA no celular (3) não é apenas uma reflexão tardia, é uma integração pensada e natural, ao contrário do que Carl Pei descreve como a "adição apressada" da IA no setor. Baseado no Android 15 (com atualizações garantidas para o Android 16 e o OS 4.0 no terceiro trimestre de 2025, além de 5 anos de atualizações do Android e 7 anos de patches de segurança), o Nothing OS 3.5 visa uma experiência rápida e fluida, com foco na utilidade e um design exclusivo.
Os principais recursos com tecnologia de IA incluem a Busca Essencial, um mecanismo de busca universal acessado simplesmente deslizando para cima na tela inicial. Ele pode encontrar contatos, fotos, arquivos e até mesmo fornecer respostas rápidas sobre a previsão do tempo ou eventos específicos. O Flip to Record, por sua vez, permite transcrever e resumir reuniões simplesmente mantendo pressionada a Tecla Essencial, um novo botão físico no lado direito, e virando o telefone de cabeça para baixo.
Tudo isso dentro de um novo ambiente, o Essential Space, que a Nothing descreve como uma "segunda memória", um espaço privado para armazenar ideias, notas e conteúdo organizado por IA, e que, segundo a empresa, já é usado semanalmente por um em cada cinco usuários do antigo Phone (3a), que já contava com esse recurso. O acesso ao Essential Space é feito através do já mencionado botão Essential Key. Se o pressionarmos uma vez, o terminal captura a tela ou envia uma foto do aplicativo da câmera diretamente para o Essential Space. Um toque longo e uma mensagem de voz será gravada, pronta para ser transcrita no dispositivo. Um toque duplo, de qualquer lugar, nos leva diretamente ao Essential Space.
O novo telefone (3) também não economiza na parte fotográfica e, aguardando uma análise aprofundada do aparelho, que deixaremos para as próximas semanas, a empresa garante que seu novo sistema de câmera é capaz de obter close-ups nítidos com zoom óptico de 6x sem qualquer perda, fotografias incríveis com pouca luz graças a um sensor principal de 1/1,3" e gravação de vídeo em qualidade 4K a 60 qps com ótima nitidez e estabilização óptica total em todas as lentes. Além disso, inclui configurações predefinidas desenvolvidas com fotógrafos profissionais para obter um acabamento "cinematográfico" instantaneamente.
Pela primeira vez na Nothing, estamos analisando uma câmera traseira tripla e uma câmera frontal, todas equipadas com sensores de 50 megapixels. Estamos falando de um sensor principal de 24 mm, acompanhado por uma lente grande angular de 114 graus e uma teleobjetiva periscópica com zoom óptico de 6x. Ela é capaz, como já dissemos, de tirar fotos sem perdas e aumenta para 60x em zoom digital, mas, ao mesmo tempo, graças às sete camadas da lente, também é capaz de atuar como uma lente macro.
A tela do telefone (3) é a mais brilhante e nítida da Nothing até o momento: um painel AMOLED flexível de 6,67 polegadas, com resolução de 1.260 x 2.800 pixels e densidade de 460 pixels por polegada. A tela atinge um brilho de até 4.500 nits, garantindo visibilidade em quaisquer condições de iluminação. A taxa de atualização é adaptável, de 30 a 120 Hz, e a resposta ao toque de 1.000 Hz promete uma experiência suave e sem interrupções ao navegar ou deslizar a tela. A proporção da tela é de 92,89%, um número mais do que respeitável e no mesmo nível da concorrência.
Em termos de autonomia, o Phone (3) incorpora uma bateria de 5.150 mAh com tecnologia de silício-carbono, a maior da empresa até o momento, que, segundo a marca, é capaz de superar dois dias de uso. Mais uma vez, teremos que testá-lo. O carregamento rápido com fio de 65 W permite uma carga completa em apenas 54 minutos e é compatível com o carregamento sem fio de 15 W. Enquanto o Phone (3a) e o (3a) Pro já contavam com baterias de 5.000 mAh e carregamento rápido de 50 W, o Phone (3) melhora essas capacidades. A resistência da bateria ao longo do tempo também é um ponto a ser levado em consideração. Nada, de fato, garante que ela mantenha mais de 90% de sua capacidade máxima após 1.200 ciclos de carga, o que equivale a cerca de 3 anos e 4 meses de uso diário.
A empresa, é claro, não se esqueceu de seu compromisso com a sustentabilidade. O telefone (3) ostenta uma pegada de carbono de 51,3 kg de CO2e, a menor entre todos os telefones Nothing. Isso é alcançado através do uso de alumínio 100% reciclado na estrutura intermediária, estanho 100% reciclado em seis placas de circuito, mais de 85% de aço reciclado em diversas peças e mais de 60% de peças plásticas de origem sustentável. A embalagem é 100% livre de plástico e utiliza 60% de fibra reciclada, além de reduzir as emissões por meio do uso de energia renovável na fabricação.
O novo Nothing Phone (3) estará disponível para pré-venda a partir de 4 de julho no site da Nothing e começará a ser vendido oficialmente em 15 de julho. O dispositivo estará disponível em duas configurações: 12 GB de RAM + 256 GB de armazenamento por € 799; e 16 GB de RAM + 512 GB de armazenamento por € 899.
Um preço, claro, alto, que coloca a empresa pela primeira vez em um segmento extraordinariamente competitivo, dominado por verdadeiros pesos pesados da tecnologia. Resta saber se a originalidade do design e as novas experiências de usuário do Phone (3) serão suficientes, ou não, para incentivar os consumidores a investir neste dispositivo.
ABC.es