Por que os EUA podem em breve enfrentar uma verdadeira emergência energética?

Donald Trump declarou uma questionável "emergência energética nacional" ao assumir a Casa Branca. Em breve, ele poderá ter uma de verdade.

O presidente prometeu que os Estados Unidos "perfurariam, perfurariam sem parar" para alcançar novos patamares de prosperidade, aproveitando ao máximo suas reservas de petróleo e gás.

O Sr. Trump cortou centenas de bilhões em isenções fiscais e subsídios para energia de baixo carbono e pesquisa em energia limpa, destinando-os, em vez disso, a investimentos em combustíveis fósseis.

Não há exemplo melhor do que o Revolution Wind, um dos maiores projetos de energia renovável offshore da América.

Com quase 80% das obras concluídas, a Casa Branca ordenou a sua paralisação imediata.

Quando visitamos o local, as enormes turbinas de 200 metros de diâmetro estavam girando – uma liminar permitiu que a construção continuasse – mas elas ainda não estão conectadas à rede elétrica.

Enquanto o Sr. Trump estiver no poder, não há certeza de que isso algum dia aconteça.

O futuro de outros grandes projetos de energia eólica e solar também está em dúvida, assim como mais de 100 bilhões de dólares (75 bilhões de libras) em investimentos em energia limpa.

No entanto, há menos dúvidas sobre o setor de combustíveis fósseis. A indústria está obtendo o que pediu após apoiar a reeleição do Sr. Trump.

O secretário de energia dos EUA, Chris Wright, e muitos funcionários e assessores importantes da Casa Branca são ex-funcionários da indústria de combustíveis fósseis.

Uma análise feita pela Global Witness para a Sky News revela que, desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, a produção de petróleo e gás dos EUA cresceu cinco vezes mais rápido do que a média dos próximos maiores produtores mundiais.

Um aumento que realmente decolou durante o primeiro mandato do Sr. Trump.

A análise dos dados da empresa revela ainda como a produção de petróleo e gás dos EUA deverá continuar a crescer – chegando a ser o dobro da produção do seu concorrente mais próximo, a Rússia, até 2035.

"Em vez de reduzir o investimento em petróleo e gás poluentes, os principais responsáveis ​​pelas mudanças climáticas, os EUA intensificaram o uso de combustíveis fósseis, aumentando a produção", disse Patrick Galey, da Global Witness.

Um fato que provavelmente seria música para os ouvidos do presidente e de muitos americanos conservadores que votaram nele.

A "emergência energética" do Sr. Trump foi talvez uma resposta previsível à "emergência climática" invocada por seus rivais políticos.

O único problema é que, além de acelerar o aquecimento global, seu plano energético está a caminho de piorar a situação dos Estados Unidos.

'Demanda de energia nos EUA deve crescer 25%'

Pela primeira vez em anos, a demanda por eletricidade nos EUA está aumentando. Isso se deve, em parte, à corrida para construir data centers que consomem muita energia – incentivo ainda maior para o objetivo do Sr. Trump de supremacia americana em inteligência artificial.

A demanda está aumentando ea energia renovável é a maneira mais rápida e barata de atendê-la.

O presidente Trump defendeu a supremacia da IA, apoiando investimentos e eliminando a burocracia para a construção de enormes centros de dados que consomem muita energia.

Após anos de declínio e estabilização, a demanda de energia nos EUA agora tem previsão de crescimento de 25% até 2030, segundo análise da ICF International.

Mas de onde virá toda essa eletricidade?

Fomos à Mitsubishi Power, que fabrica turbinas a gás de última geração para usinas de energia em sua fábrica nos arredores de Savannah, na Geórgia.

A demanda por novas turbinas nunca foi tão grande, de acordo com Bill Newsom, CEO dos EUA. O tempo de espera por novas turbinas agora é o dobro do que era há apenas dois anos.

E embora os Estados Unidos precisem de gás para atender à crescente demanda — ele é duas vezes mais limpo que o carvão e fornece energia de "carga base" que as redes de energia renovável ainda não conseguem igualar —, sua produção não é rápida o suficiente.

É provável que as empresas americanas, incluindo as de IA, sofram por não conseguirem obter a energia necessária.

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Os consumidores americanos — a quem o Sr. Trump prometeu contas mais baixas — acabarão pagando mais porque ele também encareceu a energia renovável.

E isso sem falar do impacto nas emissões de carbono.

A velocidade de transição exigida para atingir a meta de 1,5°C do Acordo de Paris sempre seria muito cara, como países como o Reino Unido estão descobrindo.

Mas, ao combater uma "emergência" com outra, o Sr. Trump corre o risco de piorar a situação dos americanos e do clima.