Especialista: piolhos são parasitas altamente especializados

Os piolhos são um parasita altamente especializado, evolutivamente um dos mais bem adaptados, disse o entomologista Prof. Stanisław Ignatowicz à PAP. Ele explicou que eles nunca desaparecerão porque estão muito bem adaptados aos humanos.
PAP: Os piolhos humanos não conseguem sobreviver sem humanos?
Prof. Stanisław Ignatowicz: Com certeza. É um parasita altamente especializado. O piolho humano vive apenas em humanos. Ele não sobrevive sem contato com um hospedeiro por mais de 48 horas. Portanto, para se reproduzir e sobreviver, ele precisa ser transmitido constantemente de um humano para outro.
PAP: Então ainda estamos lidando com pessoas infectadas?
SI: Sim. E, por favor, lembre-se: piolhos não têm nada a ver com higiene. Você pode ter piolhos e ser muito limpo. É mais uma questão de contato próximo — cabeça com cabeça. É por isso que afeta mais frequentemente crianças.
PAP: Os piolhos estão adaptados quase perfeitamente a viver conosco...
SI: Surpreendentemente, sim. Eles são achatados dorsoventralmente, o que lhes permite aderir firmemente à pele. Isso os torna difíceis de detectar e ainda mais difíceis de remover. Suas pernas são contornadas para que possam se agarrar firmemente aos nossos pelos — do couro cabeludo ou pubianos.
PAP: Que tipos de piolhos humanos temos?
SI: Três. O piolho da cabeça – o mais comum, transmitido principalmente por crianças. O piolho do corpo – vive nas costuras das roupas, especialmente nas golas. O piolho púbico – sexualmente transmissível, vive exclusivamente nos pelos pubianos.
O piolho da cabeça e o piolho do corpo são subespécies do mesmo piolho humano. Raramente se cruzam, mas seus descendentes são férteis. Este é um exemplo interessante de separação ecológica dentro de uma única espécie. Alguns entomologistas os consideram espécies distintas.
PAP: E as lêndeas? Parece que elas ficam grudadas no cabelo como supercola?
SI: Isso mesmo. A fêmea põe de 50 a 150 ovos durante a vida, prendendo cada lêndea a um pelo próximo à pele. À medida que o pelo cresce, a lêndea se afasta da pele. Depois de alguns dias, eclode uma ninfa, que pode se reproduzir em 10 dias. E assim a próxima geração é criada. Rapidamente.
O desenvolvimento dos piolhos é incompleto — não há estágio de pupa. O ovo eclode em uma ninfa, que passa por três mudas antes de se tornar um piolho adulto. O ciclo completo leva cerca de três semanas.
PAP: Então, depois de um mês, temos dezenas de novos insetos de uma fêmea fertilizada?
SI: Com certeza. E é isso que faz os piolhos se espalharem tão rápido.
PAP: Como combater piolhos?
SI: Em primeiro lugar, prevenção. Não use escovas ou chapéus de outras pessoas e não durma na mesma cama que uma pessoa infectada. Lavar e secar roupas com frequência em altas temperaturas — acima de 60 graus Celsius — mata eficazmente os piolhos e seus ovos. Roupas que não podem ser lavadas devem ser colocadas em sacos herméticos e deixadas por 7 a 10 dias. Um piolho não sobreviverá mais de 48 horas sem um hospedeiro, mas, por segurança, deixe-o lá por mais tempo.
PAP: Antigamente, as crianças eram examinadas para piolhos nas escolas. E agora?
SI: Infelizmente, há escassez de enfermeiros escolares atualmente. E a questão continua relevante. Pior ainda, as regulamentações do GDPR impedem qualquer pessoa de sequer relatar que "piolhos foram detectados em uma sala de aula". Isso complica os esforços de prevenção.
PAP: Os piolhos influenciaram o curso da história?
SI: Enorme. A maior foi durante a Segunda Guerra Mundial. Piolhos de roupa transmitiam tifo. Os alemães tinham medo, porque a epidemia estava causando muitos estragos em alguns campos.
O professor Rudolf Weigl desenvolveu uma vacina contra o tifo cultivando piolhos em... humanos. Voluntários carregavam gaiolas especiais nas pernas, contendo centenas de piolhos que se alimentavam de seu sangue. Foi uma tarefa heroica e perigosa. Weigl foi indicado ao Prêmio Nobel diversas vezes. Infelizmente, não o recebeu.
PAP: Você acha que os piolhos algum dia serão extintos?
SI: Não. Isso é impossível. Eles estão muito bem adaptados a viver conosco. São um dos melhores exemplos de adaptação parasitária bem-sucedida na evolução. Onde houver humanos, haverá piolhos.
PAP: Os piolhos têm uma vida sexual interessante?
SI: Ah, senhora... Sim, sim. Os machos têm garras especiais para segurar as fêmeas. Se não existissem, provavelmente teríamos que coçar menos.
Entrevistado por: Mira Suchodolska (PAP)
mir/ jann/ falar/
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