ONU e Irão com acordo que dá acesso a instalações nucleares

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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, disse esta quarta-feira que o acordo entre Teerão e as Nações Unidas vai permitir o acesso a todas as instalações nucleares do Irão.
Grossi afirmou ainda que vai exigir informações ao Irão sobre a localização do material que estava em locais atacados por Israel no passado mês de junho.
O acordo foi anunciado esta quarta-feira, após uma reunião entre o Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Badr Abdelatty.
Os restantes detalhes do acordo não foram divulgados.
Mesmo assim, Grossi disse ao conselho de administradores da AIEA, em Viena, que o documento prevê um entendimento claro dos procedimentos sobre as notificações de inspeção.
O acordo inclui todas as instalações no Irão e contempla também a obrigatoriedade de elaboração de relatórios sobre todas as instalações que foram atacadas, incluindo a localização atual do material.
Grossi, não detalhou a agenda que vai ser cumprida pela agência das Nações Unidas.
“O Irão e a agência vão retomar a cooperação de forma abrangente e adequada”, disse Grossi.
A 2 de julho, o Presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, assinou uma lei adotada pelo Parlamento iraniano suspendendo toda a cooperação com o organismo de vigilância nuclear da ONU.
A medida foi adotada após a guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, em junho, durante a qual Israel e os Estados Unidos atacaram instalações nucleares iranianas.
Os inspetores da AIEA não conseguiram verificar o armazenamento iraniano que o organismo de vigilância nuclear da ONU descreveu como “questão de séria preocupação”.
Um relatório confidencial da AIEA afirmava que, a 13 de junho, o Irão possuía 440,9 quilogramas (kg) de urânio enriquecido até 60%.
Se for enriquecido a 90%, o urânio seria suficiente para fabricar dez armas nucleares, de acordo com os parâmetros da AIEA, embora a criação de uma arma exija “de facto” outros conhecimentos, como a inclusão de um dispositivo de detonação.
O único local inspecionado pela AIEA desde a guerra foi a Central Nuclear de Bushehr, que opera com assistência técnica russa.
Os inspetores acompanharam um procedimento de substituição de combustível na central durante dois dias, em agosto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão afirmou esta quarta-feira que o acordo aborda as preocupações e os desafios de segurança do país e estabelece os requisitos técnicos para a cooperação com a AIEA.
No entanto, avisou que, no caso de “qualquer ato hostil” contra o Irão, incluindo a reposição de sanções da ONU, Teerão consideraria o acordo com a AIEA como terminado.
A reunião decorreu num momento delicado, uma vez que a França, a Alemanha e o Reino Unido iniciaram a 28 de agosto o processo de reposição de sanções ao Irão devido ao que consideram ser um incumprimento do acordo de 2015 que visa impedir o Irão de desenvolver armas nucleares.
Os países europeus disseram que estariam dispostos a prolongar o prazo se o Irão retomasse as conversações diretas com os Estados Unidos sobre o programa nuclear, permitisse aos inspetores da ONU o acesso às suas instalações nucleares e prestasse informações sobre os mais de 400 quilogramas de urânio enriquecido que o organismo de vigilância da ONU afirma possuir.
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